O ano é outro, há novos jogadores, nova competição e até o treinador mudou. Mas o espírito de jamais desistir e acreditar até o fim persiste pelas galerias do remodelado Beira-Rio. Assim como fora no Brasileirão sob comando de Abel Braga, o Inter sofreu, levou sustos, mas, no final das contas, saiu com uma vitória redentora. A vítima de mais uma história digna de enredo de novela em 90 minutos foi o Emelec. Após sofrer a virada no primeiro tempo, a equipe de Diego Aguirre achou forças para virar de novo: 3 a 2, na noite desta quarta-feira no Beira-Rio, pela terceira rodada do Grupo 4 da Libertadores.
A vitória suada faz o Inter colar no Emelec na liderança do Grupo 4. Ambos têm seis pontos, com diferença no saldo de gols favorável aos equatorianos. Logo atrás, vem o Strongest, com três pontos, e o Universidade de Chile, zerado - eles se enfrentam nesta quinta, em Santiago. Mas a vitória também foi importante para Nilmar. Não marcava havia nove duelos, desde 2014, e não só foi às redes como se tornou o melhor em campo, disparado.
Mas há pontos negativos. A começar pela defesa, formada por Alan Costa e Réver, que foi vazada novamente. Levou dois gols no primeiro tempo, de Burbano e Mena, após Nilmar abrir o placar. Na etapa final, Alex, que entrou na vaga do lesionado D'Alessandro, aproveitou belo passe de Nilmar para empatar. Aos 36, quem diria, o hesitante Réver foi absoluto na área rival para aproveitar rebote do escanteio e selar o triunfo, regado com muitos cânticos da torcida. Pena que uma minoria resolveu brigar e trocou socos ainda no primeiro tempo, obrigando ação policial nas cadeiras.
Agora, a Libertadores dá uma pausa. Inter e Emelec serão novamente rivais na quarta rodada, em partida marcada somente para 18 de março, em solo equatoriano. No próximo domingo, o Colorado já volta o foco ao Gauchão, ao visitar o Juventude, no Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul.
Embora tivesse prometido não surpreender, Diego Aguirre novamente mudou o time. A surpresa da vitória para La U, há uma semana, tornou-se a baixa. Jorge Henrique foi preterido por Vitinho, e Nilmar permaneceu titular. A decisão pareceu acertada. Logo aos seis minutos, Vitinho acertou a trave em cobrança de falta. Aos 10, Nilmar recebeu passe magistral de D'Alessandro e... fim de jejum! Deslocou o goleiro com categoria e voltou a marcar após nove jogos oficiais de seca, desde 2014. A comemoração foi emocionada, no meio da massa.
Prenúncio de uma noite especial? Nem tanto. O mesmo D'Alessandro que fora decisivo acabou errando passe no meio-campo aos 22 minutos. O contragolpe equatoriano foi fulminante. E fatal. Seguindo as dicas do conterrâneo Erazo, zagueiro gremista que havia apontado defeitos na fortaleza vermelha durante a semana, o Emelec costurou a defesa colorada e Burbano empatou. O Inter sentiu o baque. E os visitantes se inflaram de empolgação, além, claro, da eficiente postura tática, de marcação alta e muita velocidade.
Sem D'Ale, mas com muita garra
Assim, aproveitando mais um clarão na zaga vermelha, o Emelec encontrou o merecido 2 a 1, já no fim do primeiro tempo. Que contou com outros fatos dramáticos. Primeiro, troca de socos entre torcedores do Inter nas cadeiras, com direito a ação policial. Depois, D'Ale sentiu dores na coxa direita e deu sua vaga a Alex. O primeiro tempo terminava tenso, sob vaias, e jogadores na bronca com as críticas oriundas das arquibancadas.
Fora do duelo, D'Ale chegou a ir próximo às cadeiras para conversar com torcedores. Mas é o campo que resolve. E, dentro dele, o talento. E Nilmar o tem de sobra. De longe, o mais esforçado e perigoso jogador do Inter, o camisa 7 mostrava que a má fase nada mais era do que uma... fase. Aos 14 minutos, encontrou espaço para lançamento primoroso para Alex, que comprovou a sua veia de artilheiro, embora seja meia. Encobriu o goleiro com precisão, anotou seu quarto tento no ano e devolveu o alívio ao Beira-Rio.
O empate e um estádio em ebulição não incomodaram o Emelec. O time conseguiu se manter bem postado e ainda levando perigo à hesitante zaga de Aguirre. Enquanto isso, o Colorado ganhava Luque na frente, na vaga de um apagado Vitinho. Os holofotes, todavia, seguiam sobre Nilmar. Aos 24, aproveitou falha do zagueiro e encobriu Dreer, que fez grande defesa. O Emelec respondeu logo depois, mas viu Alisson salvar. Se a defesa estava se complicando, ao menos conseguiu ajudar na frente. Aos 36, após escanteio, Réver pegou o rebote próximo à marca penal e fuzilou: 3 a 2, alívio e redenção num Beira-Rio com toda a cara de Libertadores.