Assumindo-se errante, Antônio Conselheiro partiu de sua cidade natal para construir uma história de fé e luta.
Antônio Vicente Mendes Maciel resistiu. O menino nascido no sertão central cearense em 13 de março de 1830 tornou-se um leigo líder religioso capaz de reunir multidão de seguidores em Belo Monte, na Bahia. Antônio se tornou o Conselheiro, entrando para a história brasileira como líder de resistência na Guerra de Canudos (1896–1897). Considerado um perigo às forças republicanas, o cearense de Quixeramobim lutou contra os latifundiários, a Igreja e o Estado.
Em alusão à data de nascimento daquele menino Antônio, o evento Conselheiro Vivo começa hoje em Quixeramobim. Com programação que se estende até dia 13 de março, o evento reúne feira cultural, exposições, música, teatro, oficinas, fóruns, lançamento de livro.
“Os deslocamentos dele não foram apenas geográficos. Considerado legítimo no período do Império, com o advento da República, ele passou progressivamente a ser visto como inimigo da Igreja Católica e do Estado”, afirma Osvaldo Costa, mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC) com dissertação sobre os manuscritos de Conselheiro. O pesquisador afirma que a luta de Antônio contra as forças maiores da República Brasileira tornou o beato de Canudos figura de resistência. “O peregrino de Quixeramobim foi um heroico homem comum”, diz.
Coletânea de ensaios
Assumindo-se errante, Antônio Conselheiro partiu de sua cidade natal para construir uma história de fé e luta. O livro De Quixeramobim a Belo Monte: olhares sobre Antônio Conselheiro, a ser lançado na próxima quinta-feira como parte das atividades do evento Conselheiro Vivo, reúne diferentes visões sobre a trajetória dessa figura.
Organizada por Osvaldo Costa e por Danilo Patrício, a coletânea de ensaios parte do local de nascimento de Conselheiro para refletir sobre a história de peregrinações desse homem. Com autores de diversas áreas – História, Antropologia, Comunicação, Psicanálise –, a obra reúne nomes como Angela Gutiérrez, Gilmar de Carvalho, Karla Patrícia, Ismael Pordeus Jr. e Eleuda de Carvalho, que atualizam a discussão em torno do líder.
“Conselheiro está espalhado em narrativas: livros, documentários, músicas e reisado. A história dele é um material importante de memória coletiva”, afirma Danilo Patrício, que é doutorando em História e autor do ensaio “Antônio Conselheiro e o Belo Monte infinito: produtos de cultura e as outras criações narrativas”.
Para Danilo, a história de Conselheiro oferece material rico para criação de releituras na contemporaneidade. O pesquisador afirma ser importante trafegar pelas memórias de Conselheiro, sem cair em anacronismos. “O Conselheiro é uma figura complexa e traz ideias que até hoje incomoda os detentores do poder”, aponta.
Fonte:Jornal O Povo./Revista Central
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