segunda-feira, 19 de maio de 2014

USP São Carlos descobre remédio mais eficaz contra doença de chagas

Pesquisadores da Universidade deSão Paulo (USP), em São Carlos, descobriram uma forma de deixar o tratamento contra a doença de chagas mais eficaz e com menos sofrimento ao paciente. Após 15 anos de estudos, eles desenvolveram um composto capaz de inibir a enzima do Trypanossoma cruzi, protozoário responsável pela patologia, e impedir que o parasita se desenvolva no organismo.

Atualmente existem apenas dois medicamentos capazes de amenizar ossintomas da doença, que ainda não tem cura. Os pacientes que tomam remédios reclamam dos efeitos colaterais. A ideia dos pesquisadores é, a partir desse trabalho, desenvolver um medicamento com princípio ativo mais seletivo que age somente nas áreas afetadas pelo parasita.

"Quanto maior a seletividade, maior será a eficácia desse medicamento, reduzindo então a dosagem que vai ser utilizada dele e o tempo requerido para o tratamento", explicou o 

professor
Adriano Andricopulo, que lidera o grupo de estudos.

A equipe de pesquisa inseriu o composto em contato com as células humanas infectadas pelo Trypanossoma. O objetivo era matar os parasitas, disse a pesquisadora Wanessa Fernanda Altei. “A proteína fica bloqueada por uma pequena molécula e isso vai impedir que ela exerça a sua função principal”, relatou o pesquisador Rafael Guido.

A partir de agora o composto será testado em animais. Caso a enzima do protozoário seja completamente eliminada, a previsão é que em cinco anos possa existir um novo remédio para combater a doença.

Segundo Andricopulo, a descoberta deve ajudar também a evitar outros males causados por parasitas. "Pode ser útil contra leishmaniose e doenças que têm vias bioquímicas parecidas e associadas. Talvez aí a gente tenha uma forma de desenvolver medicamentos”, disse.

Chagas

Levantamento do Ministério da Saúde aponta que três milhões de pessoas têm a doença de chagas no Brasil. Cerca de 70% dos portadores permanecem de duas a três décadas na chamada forma assintomática ou indeterminada da doença, quando os sintomas não aparecem, de acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

A transmissão acontece pelas fezes do "barbeiro" depositadas sobre a pele da pessoa, enquanto o inseto suga o sangue. A picada provoca coceira e facilita a entrada do trypanossoma no organismo, o que também pode ocorrer pela mucosa dos olhos, do nariz e da boca ou por feridas e cortes recentes na pele, segundo a Fiocruz.

Outros mecanismos de transmissão são a transfusão de sangue de doador portador da doença, a transmissão vertical via placenta (mãe para filho), a ingestão de carne contaminada ou acidentalmente em laboratórios.

Ainda não há vacina contra a doença de chagas e sua incidência está diretamente relacionada às condições habitacionais, como casas de pau a pique, sapê etc. Cuidados com a conservação das casas, aplicação sistemática de inseticidas e utilização de telas em portas e janelas são algumas das medidas preventivas que devem ser adotadas, principalmente em ambientes rurais. A melhor forma de prevenção é o combate ao inseto transmissor.


Fonte: SITE MISÉRIA

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