Mãe de jovem atropelado não viu vídeo do acidente: 'Não tive coragem'

A mãe do jovem Murilo de Almeida Alves Tavares, de 21 anos, atropelado por um carro na madrugada desta segunda-feira (16) ao atravessar uma avenida em Praia Grande, no litoral de São Paulo, ainda não viu as imagens do acidente. Uma testemunha registrou o momento do atropelamento em vídeo. O motorista do veículo fugiu sem prestar socorro, mas já foi identificado.

Os pais do jovem foram à delegacia nesta quarta-feira (18) para registrar o Boletim de Ocorrência. Segundo a mãe de Murilo, Adriana Vaz de Almeida Teixeira, as diversas lesões sofridas por seu filho e o fato de o suspeito não ter prestado socorro a levaram a não querer assistir às imagens. “Eu não quis ver o vídeo. O meu filho está todo quebrado e isso é muito doloroso.

 Ele não atropelou um ‘bichinho’. Quem fez isso atropelou o meu filho e largou ele no chão, todo ensanguentado. Me falaram como foi, dizem que foi muito feio, mas eu não quis ver, não tive coragem. Estão sendo momentos terríveis para todos nós”, diz.

Pais do jovem atropelado foram à delegacia para registrar o B.O. (Foto: Reprodução/TV Tribuna)

Murilo segue internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Bandeirantes, na capital paulista. “Ele ainda permanece na UTI e operou uma perna. Os médicos estão avaliando, porque ele quebrou ossos da face, além de ter lesões no rim e no intestino. Ele também quebrou três costelas”, relata a mãe do jovem.

Responsável pelo caso, o delegado Luiz Evandro de Medeiros, do 1º Distrito Policial (DP) de Praia Grande, revela que o pai do suspeito pelo atropelamento, identificado como sendo o vendedor Guilherme Henrique Baptistucci Campioni, de 21 anos, se apresentou no 20º DP da capital paulista, no bairro Água Fria. “Logo depois do acidente, tínhamos imagens de tudo o que aconteceu. Hoje, fomos surpreendidos com um aviso do 20º DP de São Paulo, nos informando que o pai do rapaz se apresentou espontaneamente, destacando que seu filho foi responsável pelo atropelamento. Assim, está afastada momentaneamente a possibilidade de pedirmos a sua prisão temporária”, afirma.

O delegado explica que, a princípio, o condutor do veículo deve ser indiciado por tentativa de homicídio. “Ele estava passando em alta velocidade, por uma via onde se concentrava um grande número de pessoas, em pleno carnaval. Isso demonstra uma grande imprudência do motorista. Além disso, ele atropelou o rapaz e evadiu-se do local, o que é uma negligência. Isso tudo configura, para mim, o que chamamos de dolo eventual. Se, porventura, a vítima morre, ele responderia por assumir o risco de matar alguém. Seria homidício doloso. Ele devia ter parado para prestar socorro ou ter avisado a base policial mais próxima”, conclui.

O advogado de defesa do suspeito deve comparecer nesta quinta-feira (19) no 1º Distrito Policial de Praia Grande. O motorista do carro que atropelou Murilo deve prestar depoimento no início da próxima semana.